Esse mes todos nós vivenciamos a polêmica questão inerente a justiça eleitoral no que concerne o voto. De um lado, sob a bandeira do voto auditável, um grupo pleiteou que a reforma agregasse ao dispositivo eletrônico o voto impresso. Em oposição, líderes partidários e magistrados disseram, em resposta, que o sistema atual é seguro o suficiente para se manter sem mudar.
Posto em votação, aqueles que nos representam decidiram por nós manter a votação na forma que esta, ou seja, totalmente eletrônica. Ao que parece, e paralelamente estão debatendo a reforma do sistema eleitoral para retornar a coligação. Por fim, li também que cogitaram mudar o sistema de votação para o chamado distritão.
Fato é que chegamos a um impasse. Ainda que o tema tenha criado entre muitos conhecidos animosidade, não fomos sequer ouvidos ou convocados a refletir sobre o tema. Esse assunto foi tudo, menos delegado ao povo para opinar e indicar a quem nos representa qual caminho a seguir. A questão da urna não foi democrática.
Confesso não tinha muita esperança que nossa opinião faria a diferença. Afinal, não somos muitos quando o assunto diz respeito a votação. Isto se prova pelo crescente número de abstenção de voto. O candidato abstenção tem chegado em segundo lugar em todas as eleições.
Imagina uma coligação do abstenção com branco e nulo. Muitos eleitos perderiam no primeiro e no segundo turno, ainda que o foto fosse impresso ou não.
Estamos nos consolidando como uma nação que muitos elegem seus representantes por delegação dos poucos que votam. Isso é preocupante na medida em que o único dever imposto ao cidadão brasileiro pela constituição é votar. E quanto menos se vota, maior a chance de ter em poucos candidatos a definição do pleito. Em outras palavras, se todos votassem a eleição não seria uma mera escolha de representantes, claro que não. Representaria a consolidação do processo democrático em pleno funcionamento.
Defender o sistema eletrônico não é facil. Tão dificil quanto isso é repudiar. No Brasil tudo é mais difícil porque toda hora a gente tem que votar. Decidiu-se intercalar eleições para atribuir a uma delas a característica de ser majoritária.
Talvez essa questão seja junto com o tema polêmico da urna o primeiro e principal problema a enfrentar. Estamos cansados de ter que votar a cada dois anos. Essa obrigação gera uma militância constante, eterna busca por poder. Dificulta os que foram eleitos a governar, e gera uma instabilidade tremenda na composição das casas. Gera politicagem.
Ideal seria que uma vez eleito o time funcionasse – ou não – ate a próxima eleição. Até la senta e trabalha, ou reclama, agora não enche o saco com eleições que não vai rolar.
E se um dia alguém me perguntar eu digo que não sou contrário a impressão de meu voto e consequentente deposito do mesmo a urna.
Evidente que não estamos preparados para mudança do sistema. 20 anos depois da invenção da urna eletrônica vejo muitos indignados com o custo da eleição aos cofres públicos. Em meio a lava jato no passado em plebiscito a maioria proibiu o financiamento privado de campanha. Agora o processo eleitoral é público. E ainda que seja grande talvez seja uma Rubrica pequena em relação as obrigações do tesouro, ja é o suficiente para gerar desconforto e briga. Imagina se tivesse a que contemplar a contratação de equipes para uma vez impresso o relatório da urna comparar com a urna?!
Moro no Estado do Rio de Janeiro, notoriamente dominado por milícias e me pergunto, será que roubo de urna, voto fantasma voltará a surgir? Como fazer com que isso seja contado descentralizado de forma confiável e segura.
Essa é a grande questão. Porque o Estado não emite cédulas e permite a votação antecipada ao pleito? Porque deixamos tudo para o último dia? Se uma coisa esse debate me deu foi a reflexão que em termos de voto esse serviço esta bem defasado, estagnou-se num sistema do passado retrógrado em relação a evolução das pessoas. Quanto maior for o meio de voto maior o engajamento das pessoas, e com isso aumente o número de novos parlamentares pela pulverização do voto. Para mudar tem que votar. Não existe solução mágica.
E por trás disso pouco importa se a urna é ou não eletrônica. É preciso votar, acompanhar e cobrar. Vamos as urnas com vontade. Se todo mundo votar não haverá margem para manipulação de voto. Não haverá ociosidade no livro. Tudo vai andar. E até lá, quando o assunto ficar maduro veremos que indepen da segurança do sistema de hoje, não há prejuizo em aperfeiçoar. E se isso significa ter o voto impresso ok. Só não perca meu tempo com opinião se na hora H voce viaja e se ausenta. Nada contra, é democrático, apenas não tenho paciência mesmo!
E da mesma forma que existem ativistas, reserve ao direito de entender que não se mede democracia pelo nivel de ativismo e sim de participação de pessoas no pleito. Tem os que se interessam como eu e outros que não querem saber. Respeitá-los é sinal de maturidade. Chegou a hora né?