Já parou para pensar que quarenta anos atrás os automóveis no Brasil se resumiam a três únicas categorias representadas pelo chevette, monza e opala, ou gol, voyage e santana.
Dez anos depois junto com a abertura de mercado as carroças evoluiram. Kadett, Corsa, Astra, Vectra e Omega por exemplo surgiram e fizeram uma revolução no mercado.
Esse fenômeno ocorreu em todas as marcas. A Fiat por exemplo trouxe o Tipo, Tempra, coupé Brava, Bravo e Marea para citar alguns.
Além dos nacionais haviam os importados. Hyundai, Kia, Volvo, Nissan, BMW e por ai vai.
A década de 90 foi próspera tanto para a expansão desse segmento como também na construção de carros.
Até então a engenharia tinha voz ativa nos projetos. Muitos eram concebidos para durar. Não havia a necessidade de sequer contemplar porta copos. Veículos eram projetados para motoristas. Destacavam-se aqueles que tinham refino e excelência na construção e tecnologia.
Não a toa vários deles circulam pelas ruas ate hoje.
Infelizmente isso vai mudar. Os fabricantes a cada ano que passa persistem em não ver na durabilidade do produto um item importante. Nem enquanto marca, ou mesmo sob o aspecto ambiental. A aquisição de um meio de transporte, que ja foi um luxo e necessidade, hoje também já não tem importância e está relativizado.
O sonho de completar 18 anos e comprar um carro não existe mais. E com a entrada de serviços de transporte tipo uber os modelos premium agora são acessíveis a qualquer um por qualquer preço.
E se for usar um pouco mais a locação esta ai para facilitar. Muito recentemente alguns aplicativos permitem a localização de veículo entre particulares fazendo cair até mesmo a utilização de locadora.
Nesse pouco tempo ganhamos mobilidade. Ainda que seja pela utilização a exaustão de veículos de produção mais simples e barata o mercado ampliou.
Hoje leio as exatas e mesmas revistas automobilísticas de tempos atrás e a análise de produto se resume a dizer que a tela multimídia é maior num do que em outro. Como se esse ponto em automóvel fosse realmente relevante. Chegaram ao ponto de adotar letra de eficiência para classificar determinado carro em relação a concorrência.
Tudo isso é uma grande bobagem. Entenda vc não vai dirigir por 40 anos nenhum desses novos veiculos, nem haverá assistência técnica para reposição de peças. Ainda que as revistas te iludam com argumentos tipo o farol de um e mais barato que de outro. Isso não é garantia que ambos irão ter pecas de reposição, ou ainda que irão durar o prazo da garantia sem alteração no produto.
Então é isso. O consumidor de carro zero se contenta com pouco. Sabe que a vida útil de seu veículo é inferior, que em pouco tempo sofrerá alterações, e que talvez não chegará ao final da gatantia com ele em produção.
Além disso, por conta do luxo vai pagar ipva e seguro elevado dependendo do humor da seguradora. O mesmo não acontece com um carro mais antigo.
Ainda que o diagnóstico de eventual defeito exija conhecimento específico do modelo, ainda que não haja a universalização dos códigos de falha na leitura dos computadores, esses veículos tem seu valor construtivo.
Geralmente de rodar macio e silencioso, possuem na carroceria, forro de teto e porta material que absorve bem os barulhos de fora. Não tem rodão, não são avessos aos buracos, aceitam bem as imperfeições sem bater ou se desmontar.
E porque voce os esqueceu? Pela facilidade de financiar? Porque a revisão do novo é mais barata? Porque o novo é mais bonito? Porque tem garantia?
Talvez um conjunto de fatores tenha lhe retirado de um segmento que hoje acabou. Assistência técnica em veículos é muito difícil. Quase impossível. Ate voce achar bons profissionais que partilham do seu entusiasmo, e fazem disso uma profissão.
Esse é o ponto que estou hoje. Incontáveis as vezes que fui iludido na cobrança do que não correspondeu ao certo ao que foi feito. Ou que apesar do investimento foi necessário retrabalho.
Fato é que em um carro antigo você realmente aprende e entende a evolução da maquina. Do carburador a injeção eletrônica, no passar do tempo a gente aprende a sentir a diferença nas construções e sistemas. ABS e Air Bag também para muitos não é novidade, nem hoje nem antes. Ha tempos os possuiam com controle de tração, estabilidade e frenagem.
Essa crise da gasolina, se algo de bom vai acontecer para quem desse sistema vive é acelerar a eletrificação dos automóveis. Afinal fabricantes não irão sobreviver vendendo produtos que não se tem reposição de combustível ou que o valor disso seja caro.
O petróleo outrora menina de olhos de ouro de todas as nações esta caro, sobrevive as custas da estiva de pessoas num mercado que assim como os automóveis está se modificando. A especulação imobiliária está ajudando a por fim nos postos de combustíveis. A energia esta em qualquer lugar enquanto a gasolina só tem no posto.
Então se voce quiser entender um veículo além de sua cor, do que faz o APP, da eficiência energética e do tempo para carregar a bateria, agora é a hora! Carros velhos estão depreciados.
Talvez em 10-20 anos nem estes estarão aí para contar…. Bora tentar? Depois me conta. Não irei resistir saber sem perguntar.