Quando voce comeca a entender e… por fim… se deixa viver.

Me lembro ate hoje da primeira vez que olhei para o lado….

   

 
Foi um dia importante, porque deixei de lutar, contra aquele sentimento de repulsa que tinha, por achar alguem de mesma natureza, bonito! e ate mesmo ter um desejo amoroso (assim pod dizer) por ele.

Em termos praticos: alem de intrigante, desconcertante, tambem um pouco prazeiroso, enigmatico e acima de tudo, aterrorizante. Não sabia, ao certo como lidar com esse tipo de sentimento! nem o que ele representaria na minha vida.

Cessou a usual ressaca ” o que ate então havia feito com a minha vida?”

Tambem pensei: como seria a minha vida?, de minha familia? que tipo de impressao iria passar para os outros?
Resumo da opera: Minha vida não é, nem foi facil.

Quando entao entendi o porque muitos seguem a vida dupla. Viver esse momento por alguns meses, em que me permiti somente olhar, sem tocar, pegar e me relacionar, com quem quer que seja, foi extremamente conveniente. Afinal, ja era tido como o lado feminino da relação por todos aqueles que me chamavam de viadinho. Depois sempre fui muito sensivel, a cada ano que passa suportava cada vez menos a dor e acima de tudo,  voltar para casa e estar com alguem que entendia e dividia sem culpa essa sensibilidade, me fortalecia.

Só nao sabia que: o marco do novo inicio seria tambem o inicio do novo fim.
Ali percebi que o casamento ja era, havia vivido um amor passado, feliz, verdadeiro, acolhedor e fiel que havia jurado e proposto so que, infelizmente, nao mais me reconhecia na pessoa que fui e no corpo que tinha. Esse corpo e alma me empurravam, sem culpa, para uma nova forma de amor.

Lamento a forma pelo qual tudo isso foi bombasticamente dito, imposto, exposto, falado ou vivido perante a minha familia e amigos desta que se nao viraram as costas para mim em respeito aos meus pais, assim o fizeram por inseguranca ou porque nao timham em seus pensamentos, um caminho de como lidar com isso.

Foi quando me dei conta: havia ficado orfão… depois de assumir para mim e para todos quem eu verdadeiramente era e o que eu (in)felizmente esperava viver a minha vida escutei “essa porra é dificil”, “nao quer ir se tratar nao”, “sua vida nao vai ser facil nem vou poder ajuda-lo”.

Ignorei solenemente, nao ocultei esse momento de descoberta que depois so me fortaleceu na medida em que, sem mentira, vivi honesta e intensamente toda a transformacao sem nunca ter olhado para tras com arrependimento, dor, tristeza, depressao ou descontentamento embora orfao, condicao essa que me ensinou, na base da porrada, andar sozinho, tomar responsabilidade pelos meus atos, apostar, viver, crescer sem dar satisfação a ninguem e depois… quando tudo pareceu definitivo, imexivel, imutavel, reencontrar pessoas, receber ajuda, apoio e superar novas dificuldades nesse momento de crise que passa a economia (e alguns clientes) brasileiros.

E assim tambem me permitir viver! longe de droga, de vicio (parei de beber), de ambiente baixo dos guetos, longe da madrugada, do after party, da musica eletronica, longe de fofoca e de expectativas alheias, longe de tudo…. agora eu era “eu mesmo” so que tempo depois apaixonado, dessa vez, pelo Love, com quem depois do divorcio me relacionei, e numa viagem para o exterior me casei.

como diriam os franceses, c est la vie