Muitos são os apelos para quem pretende comprar e manter um carro importado usado. Imagine só poder adquirir por uma fração do preço de venda um carro que foi projetado, vendido e anunciado como tecnologia de ponta.
Em tempo de carro chinês que não é barato, representam hoje em termos de marketing – e possivelmente vendas – o que os coreanos fizeram 10 anos atrás quando passaram os japoneses, e com a evolução da legislação, não se discute a presença ou não de tecnologia.
Revistas especializadas deixaram de avaliar a qualidade do interior na construção do veículo em detrimento da proliferação de telas sensíveis a toque e discorrem sobre tamanho, funcionalidade e facilidade de uso.
Trinta anos atrás esse mundo não existia, e os carros nacionais eram muito ruins. Itens como vidros e trava elétrica eram considerados opcionais. ABS e Air Bag só mesmo para os mais caros. Cambio automático então nem se fala.
Rumo a eletrificação isso tudo é normal. Carros inseguros deixaram de ser fabricados ou foram equipados todos com encostos de cabeça, freios ABS e Air Bag.
A notícia boa para por aí. Os carros atuais são mais barulhentos, menos isolados, os plásticos duros estão em toda a parte e chegam aos 10 anos de uso mal acabados.
O sonho do importado usado na década de dois mil era poder ter um carro com todos os equipamentos hoje obrigatórios e que naquela época eram acessórios muito caros nos carros nacionais que não eram muito bons, simples assim.
Foi nesse espirito que comprei, usei e mantenho um Audi 2006. Extremamente confortável, tecnológico sem dever nada para muitos atuais, e consumindo cerca de 10 km/l não deve nada a muito carro novo, pela ótima construção mecânica, bastante tecnologia e um nível de conforto e sofisticação que os diferenciavam quando novos.
O bicho pega quando voce precisa consertar e procura o concessionário. Todas as qualidades são jogadas fora. É nesse momento que voce entende que os veículos premium no Brasil não passam de campanha de marketing e sofrem de um mal inimaginável para quem outrora se seduziu pela propaganda e pelas avaliações anteriores, o desprezo, abandono e falta de peça.
A dica para quem quer um Audi com mais de 10 anos é não ter. Se tiver algum a venda, adquira por nada. Não de valor a quem vende, ainda que seja amigo ou pessoa de confiança. Com todo o respeito aos lojistas que tem o papel fundamental no gira da economia através da comercialização de carros, inclusive os da marca Audi, não comprem, e se comprar, não o faça por valor relevante.
Assim é que descobri o quanto fui ludibriado por eles. Certo dia virei a chave e veio a informação que a tampa da mala estaria aberta, só que não estava. Abri e fechei a tampa algumas vezes e a mensagem não saia do painel. Embora não seja essa circunstância grave a ponto de impedir o uso do carro, atrapalha. Quando fechado, se o sensor avisar que a mala esta aberta o alarme dispara, um grande inconveniente que impede trancar o carro ou habituar-se com o alarme disparando.
Resolvi então que o melhor seria levar no concessionário, afinal questões elétricas que implicam desmontar tomam tempo, já não tenho essa disposição e frequentemente após esses reparos sinto dores no corpo. Chegando lá conversei com o técnico, perguntei se ele poderia receber o meu carro para diagnosticar ou trocar a fechadura da mala.
É claro respondeu ele. Em seguida perguntou qual seria o modelo, respondi A4. Por fim perguntou o ano, respondi 2006 quando então ele disse que não poderia receber, o carro, não tinha autorização para tal, sequer responsabilidade legal para conserta-lo visto que ja havia passado mais de 10 anos do prazo que a marca considera de duração para manter as peças.
Como assim? então todas essas campanhas, todos os livros, todo o patrocínio que a Audi faz em torno de sua marca é mentiroso perguntei. Ele respondeu que o carro é tão velho que sequer tem ferramenta ou funcionário com capacidade técnica para conserta-lo.
Sentença de morte para um carro que rodou 78 mil kms em 16 anos. Isso é o que representa a Audi no Brasil, então da próxima vez que alguém tentar vender um para voce, lembre-se disso. Essa marca no Brasil traiu toda a história que lhe trouxe aqui quando Ayrton Senna foi o garoto propaganda. Nada mais é competitivo, e ainda ouví que veículos com 5 anos ja estão com dificuldade de encontrar peças.
Um Audi novo é tão bom (ou pior) que qualquer chinês. Fato. Agora entendo porque na propaganda do chines vejo comparação com Audi e Mercedes. Ainda que não tenho ouvido história que Mercedes velho sofra com falta peças, e a realidade mostra que existem milhares destes rodando pela cidade, não vejo para a marca que tenho carros com a idade do meu rodando.
São tantas as desvantagens de ter um Audi velho no Brasil que não entendo como vendem, como tem gente que investe ainda em ter concessionário com essa marca, e olhando para os concessionários quase sempre com construção suntuosa e impactante, como conseguem ter retorno desse investimento??
Será que a venda de novos compensa isso? e se os proprietários dos veículos novos não se desfizerem de seus carros, passado 5-10 anos ja com dificuldade de peça receber um até logo como eu recebi porque não existe obrigação nem responsabilidade de conserto pela marca.
Tudo um contra-senso, afinal já gastamos recursos do planeta para fabrica-los, e com mão de obra técnica e capacitada não só mantemos eles nas ruas como também através disso reafirmamos o que nos foi passado anos atrás acerca das características técnicas e confiabilidade na marca.
Em resumo, não confio na marca, daqui para frente, quanto menos usar melhor, Não vou vender porque o conservei por todos esses anos, ainda que caro para manter, esse custo é mais barato do que a compra de qualquer carro novo. Isso não é bom nem é uma qualidade, e sim um onus dado o fato que a única certeza que tenho é de não ter qualquer apoio da marca, para todo Audi velho é voce e o carro, nada mais.
Ja entendeu porque não existe clube de Audi antigo patrocinado pela marca?